Leandro é do tipo que ri! e ri
muito e ri à toa. mas ri assim de rachar o bico. e ri tanto que não cabe em si.
conheci melhor o Léo, o Leandro, na casa do Rai, o Raimundo. ele e o Bolinho. o
Bolinho também ri, quer dizer, a família é feliz. mas o Léo, o Léo quase dá
raiva. é, porque quando a gente não conhece bem, embora eu conheça o Léo desde
a casa do Rai, não dá pra entender tanto riso frouxo. eu não sou de rir desse
jeito, então levei tempo e até hoje não entendo às vezes. e não é que eu não
goste, hein, não sou mal-humorado, longe de mim! não é que eu não me pegue
rindo junto, que eu não veja graça na sua graça, não. aliás, pudera eu ser do
tipo que ri, mas rir assim, de rachar o bico. e não é que a vida do Léo seja
fácil, hein, que nada! acho até que ele ri de pirraça, como que pra irritar a
vida! e não é que ele não goste da vida, hein, que seja mal-humorado, não! conheço
o Léo desde a casa do Rai, se tem coisa que ele gosta na vida é a vida. mas ele
é mulher de malandro e ri até quando apanha, jamais vai chorar pelos cantos nem
dar queixa da vida à polícia, vizinho, o escambau. se a brincadeira é essa, é
rir, que seja! eu não sou de rir desse jeito que nem o Léo, o Emílio, o Green,
o Dado. sim, porque o Leandro não é o único e é bom pensar que tem um monte de
gente que nem o Léo, que não desperdiça lágrima à toa porque sabe o valor que a
tristeza tem. risada não! risada é mesmo de graça, taí pra se usar. não pode é
a gente que não ri muito nem à toa, querer chorar pitanga ao lado de quem racha
o bico assim sem dó. periga sair pior do que chegou, se achando o infeliz mais
infeliz do mundo porque além de tudo não sabe rir desse jeito. eu mesmo, que conheço o Léo desde a casa do
Rai, já levei um sem número de sorriso estampado na lata, quando tudo o que eu
queria era uma ruga de preocupação que se compadecesse da minha dor. mas a
gente aprende a lidar com tipos assim que riem, riem muito, riem à toa, e só
fazem rir. e não é que eu minta, hein, que eu esconda as minhas lamúrias do
Léo, do Emílio, do Dado ou do Green, não! Se a coisa tá preta e eu trombo um
feliz desses pela frente, trato de ficar feliz junto que é pra não me
aborrecer. e rio do meu bolso furado e do meu peito partido e da minha vida ao
avesso e quando vejo estou rindo sozinho do que nem eu sabia ter graça. nem eu
nem o Dado, o Green, o Emílio. só o Léo. porque o Léo, mais que qualquer um,
sabe de tudo. sabe de tudo e ri.
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