sexta-feira, 10 de maio de 2013


Leandro é do tipo que ri! e ri muito e ri à toa. mas ri assim de rachar o bico. e ri tanto que não cabe em si. conheci melhor o Léo, o Leandro, na casa do Rai, o Raimundo. ele e o Bolinho. o Bolinho também ri, quer dizer, a família é feliz. mas o Léo, o Léo quase dá raiva. é, porque quando a gente não conhece bem, embora eu conheça o Léo desde a casa do Rai, não dá pra entender tanto riso frouxo. eu não sou de rir desse jeito, então levei tempo e até hoje não entendo às vezes. e não é que eu não goste, hein, não sou mal-humorado, longe de mim! não é que eu não me pegue rindo junto, que eu não veja graça na sua graça, não. aliás, pudera eu ser do tipo que ri, mas rir assim, de rachar o bico. e não é que a vida do Léo seja fácil, hein, que nada! acho até que ele ri de pirraça, como que pra irritar a vida! e não é que ele não goste da vida, hein, que seja mal-humorado, não! conheço o Léo desde a casa do Rai, se tem coisa que ele gosta na vida é a vida. mas ele é mulher de malandro e ri até quando apanha, jamais vai chorar pelos cantos nem dar queixa da vida à polícia, vizinho, o escambau. se a brincadeira é essa, é rir, que seja! eu não sou de rir desse jeito que nem o Léo, o Emílio, o Green, o Dado. sim, porque o Leandro não é o único e é bom pensar que tem um monte de gente que nem o Léo, que não desperdiça lágrima à toa porque sabe o valor que a tristeza tem. risada não! risada é mesmo de graça, taí pra se usar. não pode é a gente que não ri muito nem à toa, querer chorar pitanga ao lado de quem racha o bico assim sem dó. periga sair pior do que chegou, se achando o infeliz mais infeliz do mundo porque além de tudo não sabe rir desse jeito.  eu mesmo, que conheço o Léo desde a casa do Rai, já levei um sem número de sorriso estampado na lata, quando tudo o que eu queria era uma ruga de preocupação que se compadecesse da minha dor. mas a gente aprende a lidar com tipos assim que riem, riem muito, riem à toa, e só fazem rir. e não é que eu minta, hein, que eu esconda as minhas lamúrias do Léo, do Emílio, do Dado ou do Green, não! Se a coisa tá preta e eu trombo um feliz desses pela frente, trato de ficar feliz junto que é pra não me aborrecer. e rio do meu bolso furado e do meu peito partido e da minha vida ao avesso e quando vejo estou rindo sozinho do que nem eu sabia ter graça. nem eu nem o Dado, o Green, o Emílio. só o Léo. porque o Léo, mais que qualquer um, sabe de tudo. sabe de tudo e ri.

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