sexta-feira, 10 de maio de 2013


tinha uma menina paulista, paulista mesmo, não com um s de paulista inexplicável, mas com o sotaque de paulista completo, embora sem aquele ar blasé que paulista costuma ter. e era uma menina do mundo, o mundo cabia mesmo em suas mãos, não importava o resto do mundo, ela punha o mundo nas costas com uma leveza que ninguém no mundo tem. e eu que sou carioca e não sou bobo nem nada, porque carioca, a gente sabe, não é bobo nem nada e acha tudo que tem um rei na barriga e vai ver tem mesmo, tratei de chegar junto e chegar manso – não tão manso que é pra não assustar de tanta mansidão, que aí também é chato e eu não sou mineiro. então a coisa se deu toda assim, meio lá e cá, mas a gente que é carioca e não é bobo nem nada e vai ver tem tudo um rei na barriga, a gente sabe que aqui é que a coisa se dá de verdade, né? é essa coisa da praia, eu acho, e uma preguiça no corpo e um não sei quê mais que faz a coisa ficar ainda melhor e coisa e tal. só que agora, sei lá, fica essa praia toda, pra quê tanta praia?, e um vazio na alma, pra quê tanta alma?, que a gente até se atrapalha e se pega pensando, agora veja!, se pega pensando em partir. e por quê não São Paulo? aquela garoa e a Rua Augusta e o John, o Lenine, a Bruna, o Toni, o Paulinho, o 5 a Seco, o Pedro Barnez, por que não? claro que tem o lance da grana, mas grana sempre foi mero detalhe pra mim, eu que não sou rico nem tenho que me preocupar com grana e São Paulo é, afinal, o lugar onde a grana está, além dos japoneses e tudo mais. acontece que sou carioca, carioca acha tudo que tem um rei na barriga e eu tô mais querendo é ficar de boa porque é de boa que a vida se dá. daí, quando der eu dou um pulo lá e trago de volta e de vez aquela paulista, paulista mesmo, não com um s de paulista inexplicável. além do quê, ela é do mundo, o mundo cabe mesmo em suas mãos, ao contrário de mim, carioca, cujo mundo, a gente sabe, é enorme, vai do Leme ao Pontal e gira ao redor do umbigo. ser carioca é ter tudo um rei na barriga e não ser bobo de deixar a Isa dando sopa em Sampa. 

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