sexta-feira, 10 de maio de 2013


eu não sei bem o que é a vida, mas tem todo um cheiro da casa da Nathália e uma ausência doída do Léo Rosa, que deve ser mais doída pra Nathália do que pra mim e ainda mais doída pro Léo, que optou por doer. sei que tem a Lou, com ironia e tudo, tem uma pilha de louças pra lavar, um disco do Caetano ao fundo e um Dani Black que recusa-se a lembrar que o nome do disco é mesmo Fina Estampa. quem bebe mais a vida sou eu, claro, porque é assim que a vida costuma ser e eu não a renego nem nada, então trato de abrir a janela pra fumar, afinal a Letícia tá gripada e sem voz. e se o violão cai no meu colo é que alguém cansou e todo mundo acha um absurdo eu não saber tocar minhas músicas com o Aureo, mas ainda assim eu toco, como um menino sem intimidade com o corpo de uma mulher e a mulher se chama Ruth. parece poesia o que eu faço, embora eu não saiba ao certo o que é a vida senão quando a Letícia diz que eu canto bonito, que parece minha voz falada, assim, sem mais. e acho que deve ser bonito mesmo porque assim, sem mais, não tem mistério nem tipo, tipo as coisas como elas realmente são. é que o Dani canta melhor que todo mundo depois do Caetano e o violão sempre volta pra ele, daí a noite fica animada de novo (o Caio e eu descobrimos que Dani Black não contém dor, feito paixão madura, o que não é bom nem ruim, só é maduro). quando o mundo vai dormir, ficamos Nathália e eu, e eu não sei bem o que é a vida sem Fernando Pessoa e, mais recentemente, Roger Vadim e suas memórias de paixões violentas. por que tudo sempre termina nisso? eu não sei bem de muita coisa nem porque eu odeio a minha ex se a Nathália ainda ama o Léo. só sei que se um dia eu escrever minhas memórias, haverá sempre um cheiro de casa da Nathália, uma ausência doída de Léo Rosa, a ironia da Louise, Dani maduro, Fina Estampa, Letícia etc. e vai ver é isso que é a vida! se eu escrever memórias, é que terei sido em vida mais apaixonado que violento. terei amado mais que odiado minhas briggites tupiniquins. numas coisas o chato do Nelson Rodrigues tinha razão: a vida é como ela é (‘’mas o homem não gosta de bater!’’).

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